As semanas em que somos tomados por saudosismo são sempre as melhores e piores, e já faz algumas semanas que vivo assim: lembrando das histórias de meu avô e avó quando moravam em Paranapiacaba, de como eles se conheceram, viveram e um dia casaram. Lembro da minha infância, onde tudo parecia grande e divertido, onde qualquer inseto era algo novo, porque tudo era novo e desconhecido. Lembro da diversão descompromissada, das alegrias e gargalhadas sem o menor pudor. Tudo era lindo, mágico e eu era feliz. A minha única responsabilidade era a escola, que era uma festa, e o inglês, que também era uma alegria só, tudo parecia mais colorido na infância, era mais perfumado, mais quente... Mas esse tempo não volta mais e viver de passado não é opção.
De uns tempos para cá, tenho visto muitas pessoas jovens (com seus 21, 22 ou 23 anos) casando-se, constituindo família e tudo isso, e entro em desespero. Quando foi que eu cresci e não vi? Logo farei 20 anos, e me sinto só. Não me vejo casando, não me vejo tendo filhos, muito menos família. Só vejo alguém estudando, trabalhando e vivendo de um futuro que não chega, que só está no papel, nos pensamentos e sonhos. Será que deixei alguma oportunidade passar e agora é tarde?
Nunca gostei de casamentos, achava uma baboseira, aliás, sempre disse que ia ter amantes, cada um na sua e tudo bem; mas ultimamente "ando tão a flor da pele" que vejo um casal com um bebê recém-nascido e fico toda besta ou chorosa; se vejo um casal jovem de noivos, acho a coisa mais fofa, me emociono e me questiono se um dia terei isso também. Que coisa horrível!
Às vezes digo a mim mesma: recomponha-se, mulher! Deixe de ser melosa e mole e vá ser grande, vá trabalhar, estudar e crescer na vida! Mas de uns tempos pra cá, essas broncas particulares não ajudam, e continuo a me achar velha, perdida, sozinha e ficando pra tia, mesmo meu irmão não tendo filhos e nem pretender tê-los em breve.
Que coisa mais triste: estudar, dar duro, entrar na faculdade que tanto queria, estar trabalhando, e ainda assim infeliz, com um vazio que dá medo, que dá tristeza e que dá saudades de quando ele não estava aqui.